Federação Catarinense de Motociclismo


Especial: manutenção 01

Saiba quais os principais itens de revisão em motos 0km
feitos pelos mais experientes mecânicos


A YZ 250 mod. 02 de Stédile, campeão do Circuito Verão de Supercross 2002, passou por uma revisão completa antes de rodar pela primeira vez.

Imagine a seguinte situação: após uma semana chuvosa, o sábado amanhece e o sol brilha forte, prometendo um dia perfeito para a prática do off-road. Contudo, você está a pé, pois vendeu sua moto e a zero ainda não chegou. Passados mais alguns instantes e uma ligação da transportadora informa que a sua esperada modelo 2002 já está no depósito e será entregue na sua casa em alguns minutos. A expectativa cresce a cada segundo. Ah, enfim, você põe as mãos nela! E daí, o quê fazer? Você mataria a fissura de pilotar ou cautelosamente faria a revisão inicial?

Bem, se a sua opção foi de por a gasolina, colocar o equipamento e disparar para a pista ou trilha, saiba que possivelmente a visita na oficina e no seu fornecedor de peças será antecipada, e certamente precisará desembolsar alguns reais a mais.

Já se você conseguiu conter a vontade de acelerar o seu novo brinquedo, e irá fazer a manutenção inicial, seguem abaixo alguns procedimentos para revisão em motos novas utilizados por experientes mecânicos que já acumulam vários títulos em suas carreiras. Confira.

Ramon Berois,
mecânico do Cristopher Castro - 80cc

Lubrificação dos rolamentos
e demais partes móveis

Segundo Ramón a motocicleta sai da linha de montagem com pouca graxa nos rolamentos, e ainda, na maioria das vezes não é da melhor qualidade. Por isso ele engraxa novamente todas as partes móveis e rolamentos: caixa de direção, links da suspensão traseira, balança, cubos das rodas, manetes, pedal de partida, além de reforçar a lubrificação dos cabos de acelerador e embreagem.

 

Antônio Coelho, o "Toninho"
mecânico do Jhonatan Batista - 125cc

Reapertos em geral
Para o preparador Toninho, todos os parafusos que estão visíveis numa motocicleta devem ser reapertados, incluindo nessa listagem os raios que merecem atenção especial. Segundo ele tudo precisa ser verificado, sobretudo por questões de segurança, pois um parafuso frouxo pode machucar seriamente um piloto. "Já peguei moto 0 km que estava completamente frouxa", relatou. "Outra o proprietário só trouxe para a oficina após um treino, e aí o estrago já estava feito: quatro raios quebrados, motor falhando devido a bobina de ignição frouxa, mesa de direção com muita folga, etc", concluiu.

Arquimedes Cordeiro Jr., o "Juninho"
mecânico dos pilotos Pedro Espíndola - 80cc e Douglas Ricardo - 60cc

Carburação
Um dos itens mais importantes para a durabilidade de um motor é a carburação acertada. As motos saem de fábrica com uma regulagem de carburação para o motor operar no nível do mar, com a temperatura ambiente em torno de 20ºC. Geralmente os giclês colocados são de maior vazão, o quê deixa a mistura ar/combustível mais "gorda", privilegiando a durabilidade e o amaciamento nas primeiras horas de funcionamento, mas prejudicando o desempenho. Já nas motos de 60cc e 80cc essa regra pode mudar um pouco.

Na carburação, Juninho tem como primeiro procedimento verificar a necessidade de limpeza. Em seguida confere a posição da agulha do pistonete, o nível da bóia, a giclagem e faz o ajuste do parafuso do ar, de acordo com o clima da sua região. Contudo, no caso dele, mesmo sendo no nível do mar, há necessidade imediata da mudança dos giclês de alta e baixa. Na Honda CR 80cc 2001, por exemplo, Juninho substitui o 122 de alta por um 128 ou 130. Já o de baixa que vem originalmente 48, pode ser mantido ou trocado até por um 52. Como combustível ele usa gasolina de aviação pura com 2% de óleo.

Ritchellis "Ritch" Botega,
mecânico do João Marronzinho Jr. - 125cc

Suspensões
Seguindo o que está escrito em todos os manuais de manutenção, Ritch inicia a revisão inicial das suspensões pela regulagem da mola do amortecedor, ou regulagem do "sag".
Feito isso ele começa a ajustar os "clicks" de compressão e retorno da suspensão dianteira e amortecedor traseiro, partindo de um acerto intermediário. "Gostamos de andar primeiramente com a moto toda original para analisar o funcionamento e assim saber o que precisa ser feito", disse Ritch.
No caso da Yamaha 125cc 2002 de Marronzinho, utilizada no Circuito Verão de Supercross, as modificações não foram muitas. "Foram susbtituídas as válvulas da passagem de óleo com o objetivo de diminuir o aquecimento e não perder rendimento no decorrer da prova, além da mudança do óleo por um de maior viscosidade, isso porque o Marron tem uma tocada mais agressiva e precisa de suspensões mais firmes", disse Ritch.

Lino Roberto Bracht, "Bibi",
mecânico do Paulo Stédile - 250cc

Motor e freios
Para Bibi a revisão inicial completa na motocicleta é fundamental. "Antes de andar com a moto desmontamos praticamente tudo", disse. "E o motor merece uma atenção ainda maior. Começo pelo cilindro: abro para ver as modificações de um ano para o outro, verifico as medidas para saber as possibilidades de um trabalho, pois temos anotado as medidas standart dos anos anteriores e as dos cilindros que nós preparamos, além de outros detalhes que só no olho você não vê. E é claro, um procedimento comum, de praxe, é que mesmo não sendo feito um trabalho de preparação num cilindro, pelo menos é realizado nele um acabamento nas quinas e passagens, retirando rebarbas e imperfeições, além do polimento da janela de escape. Também verificamos o cabeçote, medindo o ângulo e a taxa", relatou Bibi.

Ainda no motor, Bibi confere o ponto de ignição, pois segundo ele nem sempre a referência encontrada na moto nova está de acordo com a especificação do manual.

Ele dispensa cuidados especiais de inspeção também no conjunto dos componentes dos freios dianteiro e traseiro. Num trabalho mais aprofundado, aumenta a furação dos discos e na parte superior da pinça faz um orifício de aproximadamente 5mm para aumentar a refrigeração.



 
 
 
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